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A fome voltou a aumentar, afetando 815 milhões de pessoas em 2016. O número representa uma alta de mais de 38 milhões de indivíduos na comparação com 2015. Combater a fome exige lutar contra as mudanças climáticas e prevenir conflitos, defendeu o papa Francisco no último dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação. Em cerimônia na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, o líder da Igreja Católica descreveu como “infeliz” a decisão de alguns países de se retirar do Acordo de Paris.

 

Papa Francisco ao lado do diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. Foto: FAO/Cristiano Minichiello
Em 2017, a data está sendo observada pela ONU com um alerta — a fome voltou a aumentar, afetando 815 milhões de pessoas em 2016. O número representa uma alta de mais de 38 milhões de indivíduos na comparação com 2015. O crescimento, segundo as Nações Unidas, foi causado pela proliferação de conflitos e de eventos climáticos extremos — ambos os tipos de fenômenos associados também a deslocamentos populacionais.

“Está claro que as guerras e as mudanças climáticas são algumas das causas da fome. Logo, não apresentemos a fome como se se tratasse de uma doença incurável”, afirmou Francisco em pronunciamento na FAO.

O chefe do Vaticano fez ainda um apelo a líderes mundiais, para que garantam a segurança dos migrantes, se comprometam com o desarmamento e protejam o planeta conforme utilizem os recursos naturais para a produção e consumo de alimentos. O papa descreveu como “infeliz” a decisão de alguns Estados-membros da ONU de abandonar o Acordo de Paris. “O que está em jogo é a credibilidade de todo o sistema internacional”, disse o pontífice.

Lembrando as negociações do Pacto Global para a Migração Segura, Regular e Ordenada, Francisco defendeu que o gerenciamento da mobilidade humana “requer ações coordenadas, sistemáticas e intergovernamentais, em acordo com as normas internacionais (já) existentes, e plenas de amor e de inteligência”.

Para marcar o dia mundial, a FAO escolheu o tema “Mudar o futuro da migração. Investir em segurança alimentar e desenvolvimento rural”. “É nossa meta abordar as causas da migração, como pobreza, insegurança alimentar, desigualdade, desemprego e falta de proteção social”, explicou o diretor-geral da agência da ONU, José Graziano da Silva, durante o evento.

“Acreditamos firmemente que aumentar investimentos em segurança alimentar, no desenvolvimento rural sustentável e em esforços para adaptar a agricultura às mudanças climáticas ajudará a criar as condições por meio das quais as pessoas, especialmente os jovens, não mais terão de ser forçadas a abandonar suas terras para buscar uma vida melhor em outro lugar”, acrescentou o dirigente.

Também presente no encontro na capital italiana, David Beasley, diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA), disse que o maior problema do mundo é “o conflito produzido pelo homem”. Segundo o chefe da agência humanitária, situações de confronto armado consomem 80% do orçamento do organismo internacional — o que equivale a mais de 6 bilhões de dólares.

“Eu chamo aqueles no poder, as pessoas com as armas, a pararem com o conflito agora”, afirmou Beasley, lembrando suas recentes viagens ao Iêmen, Sudão do Sul e Bangladesh. “Eu vi os ferimentos deles (da população afetada) com os meus próprios olhos e ouvi suas histórias com as minhas próprias lágrimas. Eles estavam apavorados, com fome e malnutridos após suportarem um pesadelo que a maioria das pessoas mal pode imaginar.”

O chefe do PMA acrescentou que, “se vamos verdadeiramente erradicar a fome, temos que parar esse tipo de desumanidade”.

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacy Swing, também se pronunciou para a data, descrevendo a ação contra as mudanças climáticas como “primordial”. Segundo o dirigente, as mudanças climáticas estão entre as “principais razões para os números recordes de pessoas obrigadas a migrar de zonas rurais para cidades em todo o mundo”.

Em 2018, a OIM e a FAO copresidirão o Grupo de Migração Global da ONU e defenderão a máxima de que “a migração deve ser uma escolha e não uma necessidade”. As duas agências da ONU trabalharão juntas para fortalecer a resiliência de comunidades do campo que estão mais suscetíveis aos fenômenos naturais extremos.

“É uma cooperação que eu acho que continuará crescendo e se fortalecendo, uma vez que a migração continuará a ser uma mega-tendência no mundo, tornando-se (um fenômeno) ainda maior com os efeitos cada vez piores das mudanças climáticas.”

fonte: https://www.cidadenova.org.br/

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